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Capítulo 1: Os crimes da Rua Morgue

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Uma palavra casual, involuntária; uma carta que cai ou se volta por acaso e que se apanha descuidada ou ansiosamente; a contagem das vasas e a ordem por que são colocadas; o embaraço, a hesitação, a vivacidade, a trepidação - tudo são, para a sua percepção aparentemente intuitiva, indicações claras sobre o verdadeiro estado das coisas. Depois das duas ou três primeiras rodadas, o nosso jogador está perfeitamente ao corrente das cartas dos outros e pode, pois, jogar com tão perfeito conhecimento de causa como se as cartas estivessem voltadas.

O poder analítico não deve ser confundido com o simples engenho; porque, enquanto o analista é necessariamente engenhoso, o homem engenhoso é muitas vezes incapaz de análise. A faculdade de combinação ou construtividade pela qual se manifesta geralmente o engenho e à qual os frenólogos - erradamente, creio eu - atribuem um órgão especial, supondo-a uma qualidade essencial, aparece frequentemente em seres cuja inteligência está nos limites do idiotismo, tendo despertado a atenção dos autores moralistas. Entre o engenho e a capacidade analítica há uma diferença muito maior que entre a fantasia e a imaginação, embora de um carácter rigorosamente análogo. É um facto que um homem engenhoso é sempre fantasista, enquanto o homem verdadeiramente imaginativo é, no fundo, um analista.

A narrativa que se segue será para o leitor como que um comentário que iluminará as afirmações acima feitas.

Morando em Paris durante a Primavera e parte do Verão de 18..., travei aí conhecimento com um Monsieur C. Auguste Dupin. Este jovem cavalheiro pertencia a uma família excelente, ilustre mesmo; mas uma série de acontecimentos desastrosos reduzira-o a tal pobreza que a energia do seu carácter chegou a sucumbir, a pontos de o fazer renunciar ao mundo e abandonar o desejo de recuperar a fortuna.

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Capa do livro Os Crimes da Rua Morgue
Páginas: 42
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Os capítulos deste livro:
Os crimes da Rua Morgue 1