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Capítulo 1: Os crimes da Rua Morgue

Página 7

Não pensem, por aquilo que acabo de dizer, que vou desvendar algum mistério ou escrever algum romance. O que contei do francês é apenas o resultado de uma inteligência excitada ou talvez doentia. Mas um exemplo dará melhor ideia do tipo de observações feitas por Dupin na época em questão.

Passeávamos uma noite por uma rua suja e comprida perto do Palais Royal. Ambos aparentemente mergulhados em pensamentos, nenhum de nós proferira palavra pelo menos nos últimos quinze minutos. De repente Dupin disse estas palavras:

- O tipo é muito baixo, é verdade, e ficaria melhor no Théâtre des Variétés.

- Disso não tenho dúvidas - repliquei involuntariamente, não reparando a princípio (tão absorvido estava nos meus pensamentos) na forma extraordinária como estas palavras se adaptavam às minhas próprias reflexões. No momento seguinte voltei a mim e o meu espanto foi profundo.

- Dupin - disse eu gravemente -, isto ultrapassa a minha compreensão. Não hesito em dizer que estou intrigado e nem acredito no que ouço. Como é possível que tenhas sabido que eu estava a pensar em...?Fiz uma pausa para me certificar sem sombra de dúvida que ele sabia realmente em quem é que eu pensava.

-... em Chantilly - disse ele. - Porque te calaste? Estavas a dizer para contigo que aquela figura minúscula era imprópria para a tragédia.

Era precisamente este o tema das minhas reflexões. Chantilly era um ex-remendão da Rua de St. Denis, que, atacado pelo bichinho do teatro, tinha desempenhado o papel de Xerxes na tragédia de Crébillon com o mesmo nome e sido vítima das críticas mordazes do público.

- Diz-me, por amor de Deus - exclamei -, qual é o método, se é que há um método, que te permitiu penetrar dessa forma no meu espírito. - A verdade é que eu estava ainda mais surpreendido do que aquilo que conseguia exprimir por palavras.

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Capa do livro Os Crimes da Rua Morgue
Páginas: 42
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Os capítulos deste livro:
Os crimes da Rua Morgue 1