Uma descida no Maelstrom - Cap. 1: Uma descida no «Maelström» Pág. 13 / 23

velho, e o meu coração pulou de contentamento - pois estava certo de que ele tinha ido pela borda fora -, mas no instante seguinte todo esse contentamento se converteu em horror, porque ele aproximou os lábios do meu ouvido e gritou a palavra: «Moskoeström!»

»Nunca ninguém saberá o que senti nesse momento. Tremi dos pés à cabeça como se tivesse sido acometido do mais violento ataque de sezões. Sabia bem o que ele queria dizer com aquela simples palavra; sabia o que ele queria fazer-me compreender. Com o vento que então nos impelia, íamos direitos ao turbilhão do Ström, e nada nos poderia salvar!

»Há-de ter compreendido que, ao atravessar o canal do Ström, passávamos sempre muito acima do turbilhão, mesmo com o tempo mais calmo, e depois tínhamos de aguardar e espreitar cuidadosamente a acalmia; mas nessa altura dirigíamo-nos precisamente para o fosso, e com um furacão daqueles! 'Com certeza', pensei, 'chegaremos lá precisamente por altura da acalmia... Ainda há essa esperança': mas no momento imediato amaldiçoei-me por ser suficientemente ingénuo para sonhar sequer com uma esperança. Sabia perfeitamente que estávamos condenados, nem que o nosso navio fosse dez vezes maior que um de noventa peças.

»Nessa altura o furor inicial da tempestade abrandou, ou porventura sentíamo-lo já menos, visto que navegávamos com ele pela popa; fosse como fosse, o mar, que antes se mantivera aquietado devido ao vento, conservando-se plano e coberto de espuma, erguia-se agora em verdadeiras montanhas de água. Também no céu se registara uma estranha alteração. Estava ainda negro como breu em todas as direcções, mas quase por sobre nós surgiu repentinamente uma abertura circular de céu limpo - tão limpo como jamais vi - e através dela a lua cheia brilhava com um esplendor que nunca lhe conhecera.





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