Uma descida no Maelstrom - Cap. 1: Uma descida no «Maelström» Pág. 4 / 23

Enquanto o velho falava, apercebi-me de um som forte e que ia crescendo gradualmente, como o mugido de uma grande manada de búfalos de uma pradaria americana; e no mesmo instante apercebi-me de que aquilo a que os marinheiros chamam mar encapelado se transformava rapidamente sob os nossos olhos numa corrente que se dirigia para leste. Mesmo durante esta observação, a corrente adquiriu uma tremenda velocidade; a cada momento aumentava essa velocidade, essa descontrolada impetuosidade. Passados cinco minutos, todo o mar, até Vurrgh, era fustigado por uma fúria incontrolável; mas era entre Moskoe e a costa que imperava O maior temporal. Ali, o vasto leito das águas, fendido e suturado por mil correntes desencontradas, explodiu subitamente numa frenética convulsão - arfando, borbulhando e assobiando -, girando em gigantescos e incontáveis turbilhões, todos eles rodopiando e mergulhando para leste com uma rapidez que a água nunca atinge em lado algum a não ser em grandes cataratas.

Decorridos mais alguns minutos, a cena sofreu nova alteração radical.

A superfície em geral tornou-se algo mais tranquila e os turbilhões desapareceram um após outro, enquanto prodigiosos laivos de espuma surgiam onde até então se não vira nenhum. Por fim, esses laivos estenderam-se a grande distância e, juntando-se uns aos outros, adquiriram igualmente o movimento giratório dos vórtices aplacados e pareceram formar o embrião de outro mais vasto. De repente - muito de repente - este adquiriu uma existência nítida e definida, num círculo de mais de meia milha de diâmetro. A orla do turbilhão era assinalada por uma larga faixa de espuma cintilante; mas nem uma partícula desta se escapava para a embocadura do terrível fosso, cujo interior, até





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