Uma descida no Maelstrom - Cap. 1: Uma descida no «Maelström» Pág. 5 / 23

onde a vista podia alcançar, era uma parede de água lisa, brilhante e negra, formando com o horizonte um ângulo de uns quarenta e cinco graus, rodopiando vertiginosamente num sufocante movimento de vaivém e lançando aos ventos um som terrível, meio guincho, meio rugido, como nem as imponentes cataratas do Niágara alguma vez ergueram ao céu na sua agonia.

A montanha tremeu desde a própria base e a própria rocha oscilou. Atirei-me de frente para o chão e agarrei-me às escassas ervas, num excesso de agitação nervosa.

- Isto - consegui finalmente dizer ao velho -, isto não pode deixar de ser o grande turbilhão do maelström.

- Assim lhe chamam por vezes - respondeu ele. - Nós, os Noruegueses, chamamos-lhe o moskoe-ström; da ilha de Moskoe, que fica no meio.

As descrições habituais deste vórtice não me haviam preparado de modo algum para o que então vi. A de Jonas Ramus, que é talvez de todas a mais circunstancial, não consegue transmitir a mais pálida noção, quer da magnificência, quer do horror da cena - ou sequer da extremamente desconcertante sensação de novidade que confunde o espectador. Não sei exactamente de que perspectiva o escritor em questão o observou, nem em que momento; mas não pode ter sido do cume de Helseggen nem durante uma tempestade. Há, contudo, algumas passagens que podem ser citadas pelo seu pormenor, embora deixem francamente a desejar no que se refere a fornecerem qualquer noção do espectáculo.

«Entre Lofoten e Moskoe», diz ele, «a profundidade das águas é de trinta e seis a quarenta braças; mas do outro lado, na direcção de Ver (Vurrgh), esta profundidade diminui de tal forma que não oferece passagem adequada a um navio sem o perigo de se despedaçar contra as rochas, o que acontece mesmo durante a maior das calmarias.





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