- Qual dinheiro, qual nada! - disse ela bruscamente. - Há dez dias que não me apareces. O que é que se passa?
Ele abanou a cabeça devagar.
- Tenho estado muito em baixo, Jewel. Tenho estado doente.
- Porque foi que não me disseste, se estavas doente? Não me interessa assim tanto o dinheiro. Não desatei a chatear-te com ele até começares a pôr-me de parte.
De novo ele abanou a cabeça.
- Não tenho andado a pôr-te de parte. De maneira nenhuma.
- Ai não tens? Há três semanas que não me apareces! A não ser que tenhas andado tão bêbedo que nem saibas o que fazias.
- Tenho estado doente, Jewel - .repetiu olhando para ela cansado.
- Mas tens saúde suficiente para vires divertir-te com os amigos da bela sociedade. Disseste que nos encontrávamos ao jantar e disseste que terias dinheiro para me dares. Nem sequer te deste ao incómodo de telefonar.
- Não consegui arranjar dinheiro.
- Não acabei agora por te dizer que não interessa? Queria era ver-te, Gordon, mas tu pareces preferir as outras.
Ele negou, amargurado.
- Então pega no chapéu e vem-te embora - sugeriu ela.
Gordon hesitou - e de repente ela aproximou-se dele e pôs-lhe os braços à volta do pescoço.
- Vem daí comigo, Gordon - disse ela quase segredando. - Vamos até ao Deniveries, tomamos uma bebida e depois podes ir até ao meu apartamento.
- Não posso, Jewel.
- Podes, sim - disse ela, determinada.
- Estou enjoado como uma pescada!
- Então não deves ficar aqui a dançar.
Com um olhar à volta, em que se misturava alívio e desespero, Gordon hesitou; então ela puxou-o para si e beijou-o com os seus lábios macios e carnudos.
- Está bem - disse ele lentamente. - Vou buscar o chapéu.
VIII
Quando Edith saiu para o azul-claro da noite de Maio encontrou a Avenida deserta.