- O Edifício Armistead - Trimble olhou, obediente. - Pois é; fui eu que desenhei o projecto.
Orrison abanou a cabeça alegremente; estava habituado a sair com toda a espécie de gente. Mas aquela de ele ter estado no restaurante em Maio passado...
Parou junto da tabuleta de bronze na esquina do edifício. «Construído em 1928,» dizia lá.
Trimble fez que sim com a cabeça.
- Mas nesse ano embebedei-me; andei sempre completamente bêbedo. Por isso nunca o tinha visto.
Orrison hesitou. - Gostava de lá entrar agora?
- Já lá entrei muitas vezes. Mas nunca o vi. E agora não é isso que eu quero ver. Nem conseguiria vê-lo agora. Quero ver simplesmente como as pessoas caminham e de que são feitos os sapatos, os chapéus e as roupas. E os olhos e as mãos. Importa-se de me dar um aperto de mão?
- De maneira nenhuma, sir.
- Obrigado, obrigado. É muito amável. Se calhar você acha isto estranho; mas as outras pessoas vão pensar que estamos a despedir-nos. Eu vou subir um bocado a Avenida, por isso vamos mesmo dizer adeus. Diga na redacção que estarei lá às quatro.
Orrison ficou a olhá-lo, quando partiu, esperando vê-lo entrar num bar. Mas não havia nele nada que sugerisse ou tivesse sugerido bebidas.
- Jesus! - disse para consigo. - Bêbedo durante dez anos.
Sentiu-se subitamente da textura do próprio casaco e, estendendo o braço, comprimiu o polegar contra o granito do edifício a seu lado.
FIM
