TRÊS HORAS ENTRE DOIS AVIÕESEra uma probabilidade longínqua, mas Donald estava bem-disposto, cheio de saúde e aborrecido, com a sensação de ter cumprido um dever maçador. Ia agora ter a sua compensação. Talvez.
Quando o avião aterrou ele saiu para uma noite de Verão do médio-oeste e dirigiu-se para o isolado aeroporto do «Pueblo», como se convencionara chamar a velha «estação de caminho-de-ferro» vermelha. Não sabia se ela estava viva, nem se vivia naquela terra, nem qual era o seu nome actual. Com crescente excitação procurou na lista telefónica o nome do pai dela, que também podia ter morrido em qualquer altura, durante aqueles vinte anos.
Mas não. Juíz Harmon Holmes - Hillside 3194. Quando perguntou por Miss Nancy Holmes respondeu-lhe uma voz divertida de mulher:
- A Nancy está casada com Mr. Walter Gifford. Quem é que fala?
Mas Donald desligou sem responder. Descobrira o que queria saber e só dispunha de três horas. Não se lembrava de nenhum Walter Gifford e houve outro momento de expectativa enquanto consultava rapidamente a lista. Podia estar casada fora da cidade.
Não. Walter Gifford - HilIside 1191. O sangue voltou-lhe às pontas dos dedos.
- Está lá? Mrs. Gifford está? Fala um velho amigo dela.
- Sou eu própria.
Lembrou-se, ou julgou lembrar-se, da estranha magia da voz dela.
- Fala o Donald Plant. Já não te vejo desde os meus doze anos.
- Ah-h-h! - O tom era de completa surpresa, muito delicado, mas não conseguiu distinguir nele alegria, nem qualquer sinal de que fora reconhecido. - Donald! - acrescentou a voz. Desta vez havia nela mais do que uma luta de memória.
- ...quando foi que voltaste? - E depois com cordialidade. - Onde estás?
- Estou no aeroporto; só por algumas horas.