Na redacção do semanário entrava toda a espécie de pessoas e Orrison Brown tinha com elas toda a espécie de relações. Fora das horas de trabalho ele era «um dos editores», durante as horas de trabalho era simplesmente um homem de cabelo encaracolado que um ano antes editara Jack-O-Lantern de Dartmouth e estava agora muito contente por desempenhar as tarefas indesejáveis da redacção, desde decifrar manuscritos ilegíveis até fazer de moço de recados sem o ser.
Vira aquele visitante entrar no escritório do editor - um homem pálido e alto, de cerca de quarenta anos, com cabelo loiro de estátua e uns modos nem tímidos, nem reservados, nem ausentes como os de um monje, mas que tinham algo dos três. O nome que tinha no cartão de visita, Louis Trimble, evocava uma vaga recordação mas, não tendo como orientar-se, Orrison não ficou a pensar naquilo - até soar a campainha da sua secretária, e a experiência anterior o avisar de que Mr. Trimble ia ser o primeiro prato do seu almoço.
- Mr.Trimble, Mr. Brown - disse a Fonte de todo o dinheiro para almoços. - Orrison; Mr.Trimble esteve fora muito tempo. Ou ele sente que foi muito tempo, quase doze anos. Muitas pessoas sentir-se-iam cheias de sorte por terem escapado à última década.
- Lá isso é verdade - disse Orrison.
- Hoje não posso almoçar - continuou o director. - Leve-o ao Voisin ou ao 21 ou a qualquer sítio que ele queira. Mr. Trimble acha que há imensas coisas que não viu.
Trimble hesitou delicadamente.
- Ora, sou capaz de me orientar.
- Bem sei, meu velho. Ninguém conhecia isto como tu dantes; e se o Brown quiser explicar-te o carro sem cavalos, manda-o embora ter comigo. E tu estarás de volta lá pelas quatro, não?
Orrison agarrou no chapéu.