- Os automóveis é que...
- Pois é.
Movido por um impulso irresistível, Gatsby voltou-se para Tom, que aceitara ser-lhe apresentado, como se fossem estranhos um ao outro.
- Creio que nos conhecemos de qualquer lado, senhor Buchanan.
- Oh, sim! - disse Tom com rude delicadeza, mas manifestamente não se lembrando de onde. - Tem razão! Lembro-me agora perfeitamente!
- Encontrámo-nos há cerca de duas semanas.
- Exactamente. Estava o senhor aqui com o Nick.
- Conheço a sua esposa - continuou Gatsby, quase agressivamente.
-Ah sim?
Tom virou-se para mim:
- Vive aqui perto, Nick?
- Mesmo ao lado.
- Ah, sim?
O senhor Sloane não entrou na conversa - continuou pachorrentamente sentado, a olhar com sobranceria; e a mulher também não se manifestou a não ser ao segundo uísque com soda, e com inesperada cordialidade:
- A sua próxima festa, havemos de vir todos, senhor Gatsby! - propôs ela. - Que nos diz?
- De acordo! Terei muito prazer em vê-los por cá!
- Que gentileza! - disse o senhor Sloane, sem gratidão. - Bom... já devíamos estar a caminho de casa.
- Deixem-se estar, que estão muito bem! - instou Gatsby, já a controlar a situação e a querer descobrir mais coisas em Tom. - Porque é que vocês não... por que não ficam para jantar? Não me admirava nada se aparecessem cá em casa mais pessoas de Nova Iorque.
- Venha o senhor jantar comigo! - disse a dama, entusiasticamente. - Aliás, venham os dois!
O outro era eu. O senhor Sloane pôs-se em pé.
- Venha daí! - disse ele, mas era só com ela.
- Estou a falar a sério! - insistiu ela. - Gostaria imenso de os receber! Espaço não falta!
Gatsby olhou para mim, interrogativamente. Apetecia-lhe ir e não percebia que o senhor Sloane estava decidido a evitá-lo.