- É menino ou menina? - perguntou ela delicadamente.
- Esse cão? Esse é um menino.
- É uma fêmea - disse Tom decisivamente. - Tome lá o dinheiro e vá comprar mais dez cães como este.
Fomos em direcção à Fifth Avenue, quente e calma, quase pastoral, na tarde de domingo de Verão. Não me espantaria nada se visse um grande rebanho de ovelhas brancas a virar a esquina.
- Parem lá - disse eu. - Tenho de sair aqui.
- Não, não tem nada - interpôs Tom com prontidão. - A Myrtle fica ofendida se não sobe até ao apartamento. Não ficas, Myrtle?
- Venha lá - instou ela. - Vou telefonar à minha irmã Catherine. As pessoas entendidas em assuntos de beleza dizem que ela é muito bonita.
- Bem, eu gostava de ir, mas...
Continuámos, voltando a cortar caminho pelo parque, em direcção a West Hundreds. Na 158th Street, o táxi parou numa fatia de um comprido bolo branco de prédios de apartamentos. Lançando em redor uma régia vista de olhos de regresso ao lar, a senhora Wilson reuniu o cão e as outras compras que tinha feito e entrou com ares de importância.
- Vou dizer aos Mckee que apareçam - anunciou ela enquanto subíamos no elevador. - E, é claro, vou dizer à minha irmã que venha também.
O apartamento era no último andar - tinha uma pequena sala de estar, uma pequena sala de jantar, um quarto de cama pequeno e uma casa de banho. A sala de estar abarrotava até às portas de móveis estofados, decididamente muito grandes para ela, de modo que andar por ali era tropeçar constantemente em cenas de damas a baloiçarem-se nos jardins de Versailles. O único quadro existente era uma fotografia excessivamente ampliada, ao que parecia, de uma galinha acocorada sobre uma rocha desfocada. Vista à distância, no entanto, a galinha resolvia-se num chapéu de plumas e a rocha no rosto de uma robusta senhora de idade que sorria para a sala.