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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 53

— Não procure consolar-me — disse-me ela, chorando —, não me fale dele, não me diga que virá, que não me abandonou cruelmente, desumanamente, conforme é evidente que fez. E porquê, porquê? Haveria alguma coisa na minha carta... nessa infeliz carta?...

Aqui, os soluças cortaram-lhe a voz. O meu coração dilacerava-se só de a ver.

— Como é cruelmente desumano! — repetiu. — E nem uma linha, nem uma linha! Se ao menos tivesse respondido que não tinha necessidade de mim, que me repetia..., mas nem uma única linha em três dias inteiros! Como lhe é fácil ofender, humilhar, uma pobre rapariga indefesa, cujo único crime foi amá-lo! Como tenho sofrido durante estes três dias! Meu Deus, meu Deus! Quando penso que fui eu quem foi ter com ele a primeira vez, que me rebaixei perante ele, que chorei, que implorei dele uma gota de amor... E depois disto tudo!... Ouça — disse, dirigindo-se a mim, e os seus olhos negros brilharam—, mas não, não é assim! Isso não pode ser verdade. Não é natural! Ou o senhor ou eu estamos enganados. Pode ser que não tenha recebido a carta! Pode ser que não saiba ainda nada! Como seria possível, veja lá bem, diga-me, em nome de Cristo, explique-mo, pois não consigo compreender, como se pode actuar com a grosseria e com a crueldade que ele usou comigo? Nem uma palavra! A mais miserável das mulheres merece mais comiseração. Terá ouvido dizer coisas a meu respeito, alguém lhe disse mal de mim?—exclamou, voltando-se para mim com um ar interrogador.—Diga. Que pensa disto?

— Ouça, Nastenka, amanhã irei ter com ele.

— E então?

— Interrogá-lo-ei, contar-lhe-ei tudo.

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Capa do livro Noites Brancas
Páginas: 67
Página atual: 53

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 14
Capítulo 3 44
Capítulo 4 52
Capítulo 5 65