Em vista deste pessimismo prático, é Sócrates a imagem primitiva do otimista teórico que, na indicada crença na investigação da natureza das cousas, dá ao saber e ao conhecimento a força de um remédio universal, concebendo no erro o mal em si.
Penetrar naquelas razões e separar o verdadeiro conhecimento de aparência e erro, parecia ao homem socrático a função mais nobre e, até, a única ocupação verdadeiramente humana; assim como se considerava superior a todas as outras faculdades aquele mecanismo dos conceitos, juízos e conclusões, considerando-o mesmo, a partir de Sócrates, a ocupação mais elevada e mais admirável dádiva da Natureza. As mais elevadas ações morais, os sentimentos de compaixão, de sacrifício, de heroísmo e aquela tranquilidade da alma, tão difícil de atingir, e que o grego apolínico denominava sofrósine , foram deduzidas por Sócrates e seus sucessores, que julgavam do mesmo modo, assim como são deduzidos ainda hoje, da dialética do saber, sendo portanto consideradas ensináveis. Quem já sentiu em si o prazer de um conhecimento socrático e sente como este, em círculos sempre maiores, procura abranger todo o mundo dos fenômenos, e não sentirá, daí por diante, nenhuma ponta, que pudesse impelir à existência, mais agudamente do que o desejo de completar aquela conquista e tecer a rede de modo impenetrável. A quem assim opina aparece o Sócrates platônico como o mestre de uma forma completamente nova da “alegria grega” e felicidade de viver, que procura descarregar-se agindo, e que achará esta descarga em influências maiêuticas e educadoras sobre jovens nobres, a fim de atingir a produção final do gênio.
Agora, porém, via-se a ciência, apressada por sua imaginação vigorosa, até os seus limites, sem sequer se deter, nos quais malogra o seu otimismo, oculto na essência da lógica.