Pois a periferia do círculo da Ciência tem uma infinidade de pontos, e apesar de ainda nem se poder pensar em medir totalmente o referido círculo, encontra o homem nobre e apto, ainda antes de completar a metade de sua existência e inevitavelmente, tais pontos limítrofes da periferia, onde alcança o não-elucidável . Se ele percebe então assustado como a lógica se enrosca nestes limites em redor de si mesmo, acabando por morder sua própria cauda — então rompe caminho a nova forma do conhecimento, o conhecimento trágico que, para poder ser suportado, necessita da Arte como defesa e sanativo.
Olhemos, com olhos confortados os gregos e para as esferas mais elevadas do mundo que nos cerca e veremos a ânsia, que como modelo aparecia em Sócrates o insaciável conhecimento otimista, permutada em resignação trágica e necessidade artística, enquanto que a mesma ânsia — em seus graus mais baixos, se deve manifestar de maneira antiartística e, sobretudo, detestar interiormente a arte dionisíaco-artística, como se demonstrou, por exemplo, no combate à tragédia esquiléica pelo socratismo.
Aqui batemos, com ânimo agitado, à porta do presente e do futuro. Levar-nos-á aquela “mudança” para configurações sempre novas do gênio e, precisamente, ao Sócrates que pratica música? Tecer-se-á a rede da Arte, estendida sobre a existência, seja sob nome de religião ou de ciência, sempre mais forte e delicadamente, ou está ela destinada a ser rasgada sob o redemoinhar bárbaro e intranquilo, sob aquilo que é chamado agora “presente”? Receosos, mas não inconsolados, ficamos um momento ao lado, como os contempladores, aos quais é permitido testemunhar aquelas lutas pavorosas e aquelas “mudanças”. Ah! é a magia destas lutas que, quem as vê, também por elas deve pelejar.