Foi-me, em virtude disto, concedido um olhar tão estranhamente singular no helênico, que me pareceu nossa sabedoria clássico-helênica, e que tão orgulhosamente se manifesta, somente ter-se regozijado em imitações e exterioridades.
Talvez queiramos atingir aquele problema fundamental com esta pergunta: Que efeito estético se originará se aquelas potências artísticas, comumente separadas, do apolínico e do dionisíaco, entrarem em ação, uma ao lado da outra? Ou, de maneira mais breve: Como se relaciona a música com a imagem e o conceito? — Schopenhauer, elogiado precisamente neste ponto por Richard Wagner, por apresentar uma clareza e transparência impossíveis de serem ultrapassadas, exprime-se a este respeito eloquentemente num trecho que aqui transcreverei em toda sua extensão: (Mundo como Vontade e Representação — I)
“Segundo isto, podemos considerar o mundo aparente, ou a Natureza e a Música, como duas expressões diferentes da mesma cousa, que mesmo por isso é o único que serve para a união da analogia de ambos, cujo conhecimento necessário se torna para a compreensão daquela analogia. A Música é portanto, quando considerada como expressão do mundo, um idioma universal, e que se porta ante a generalização dos conceitos assim como esta relativamente a assuntos isolados. Sua generalização, porém, não é aquela generalização vazia da abstração, mas sim de espécie bem diferente, unida com determinação geral e clara. Nisto se assemelha às figuras geométricas e aos números, que estão determinadas como as formas gerais de muitos objetos possíveis da experiência e a todos aplicáveis a priori, mas não abstratamente, e sim intuitiva e totalmente.