Também aqui presenciamos a vitória do fenômeno sobre o geral e o prazer no preparado isolado, por assim dizer anatômico, já respiramos o ar de um mundo teórico, para o qual o conhecimento científico tem um valor mais elevado do que o reflexo artístico de uma regra universal. O movimento na linha do característico precipita-se. Enquanto Sófocles pinta ainda caracteres completos, pondo o mito no jugo para o seu desenvolvimento refinado, já pinta Eurípides somente grandes traços característicos isolados, que sabem externar-se em paixões violentas; na nova comédia ática existem tão só máscaras com uma expressão, velhos levianos, escravos astutos em repetição incansável. Onde está agora o espírito formador de mitos da música? O que ainda resta da música é ou música excitante, ou música recordativa, isto é, ou um estimulante para nervos indiferentes e gastos, ou pintura de sons. Para a primeira já não interessa o texto básico; já com Eurípides temos bastante desordem quando seus coros ou heróis principiam a cantar: como deveria ter sido com seus imitadores descarados!
Mais claramente, porém, externa-se o novo espírito não dionisíaco nas conclusões dos novos dramas. Na tragédia antiga sentia-se, no final, o consolo metafísico, sem o qual é inexplicável o prazer na tragédia; e mais puramente soa, talvez, no “Édipo em Colona” o sonido reconciliador de um outro mundo. Agora, tendo fugido o gênio da música da tragédia, está a tragédia morta, se a considerarmos em sentido estrito; pois de onde se deveria tirar agora aquele consolo metafísico? Procurou-se, por isso, a resolução terrestre da dissonância trágica; o herói, depois de ter sido suficientemente martirizado pelo destino, colhia num casamento feliz, em honrosas distinções divinas, os prêmios merecidos.