Capítulo 22: Capítulo 22
Página 127
Aqui vemos a formação mais íntima desta espécie artística bem moderna, da ópera: Uma necessidade imperiosa consegue, pela força, uma arte, mas é necessidade de espécie não-estética: O desejo do idílio, a crença na existência do homem artístico e bom. O estilo recitativo era tomado como a linguagem redescoberta daquele homem primitivo; a ópera como o país que novamente se descobriu, daquele ser idílico, bom ou heroico, que segue em todas as suas ações um impulso natural de arte, que, em tudo que tem a dizer, canta pelo menos um pouco, a fim de, na menor excitação sentimental, poder cantar a toda voz. Não tem importância para nós agora que, com esta imagem de criação nova do artista paradisíaco, os humanistas de outrora combateram a representação antiga, eclesiástica do homem corrompido e perdido, de maneira a poder ser entendida a ópera como o dogma de oposição do homem bom, com o qual, entretanto, se encontrou ao mesmo tempo um meio de consolo contra aquele pessimismo, ao qual se achavam principalmente naquela época de insegurança de todas as situações. É suficiente reconhecermos como o encanto verdadeiro e com ele a “gênesis” desta nova forma de arte, se situam na satisfação de uma necessidade totalmente anti-estética, na glorificação otimista do homem em si, no conceito do homem primitivo como o homem bom e artístico desde sua natureza. Este princípio da ópera modificou-se com o tempo em exigência ameaçadora e horrível, que nós, em face dos movimentos socialistas da época, não podemos deixar de ouvir. O “bom homem primitivo” quer os seus direitos: que perspectivas paradisíacas!
|
|
 |
Páginas: 164
|
|
|
|
|
|
Os capítulos deste livro:
|
|
|