Capítulo 12: Capítulo 12
Página 67
Édipo é parricida, é o esposo de sua mãe; Édipo é aquele que decifra os enigmas da esfinge! O que é que nos revela a misteriosa trindade destes atos do destino? Há um credo popular antiquíssimo e especialmente espalhado entre os persas, que diz que um mágico sábio somente pode nascer de um incesto; o que nós devemos interpretar imediatamente, tendo em vista o Édipo decifrador de enigmas e libertador de sua mãe, como sendo o fato que lá, onde se quebrou, mediante forças poéticas e mágicas, a separação entre presente e futuro, a lei fixa da individualização e o feitiço em si da Natureza, deve ter-se antecipado como causa uma imensa contradição da Natureza — como naquele caso o incesto —; pois como é que se poderia forçar a Natureza ao abandono de seus segredos, se não em a enfrentar vitoriosamente, isto é, pelo artificial? Este conhecimento vejo-o firmado naquela trindade horrível dos destinos de Édipo; o mesmo indivíduo que decifra o enigma da Natureza — daquela Esfinge biforme — e também obrigado, como parricida e esposo da mãe, a quebrar as leis mais sagradas da Natureza. Sim, o mito parece querer indicar que a sabedoria, e principalmente a sabedoria dionisíaca, é um horror anti-natural e que aquele, que por sua sabedoria arroja a Natureza ao abismo da destruição também em si próprio deverá sentir a dissolução da Natureza. “O gume da sabedoria se volve contra o sábio. Sabedoria é um crime perante a Natureza”. Tais frases tenebrosas profere o mito; o poeta helênico, porém, toca como um raio solar a sublime e terrível Coluna de Memnon do mito, de modo que esta principia a soar — em melodias sofocleicas!
|
|
 |
Páginas: 164
|
|
|
|
|
|
Os capítulos deste livro:
|
|
|