O Triunfo dos Porcos - Cap. 8: CAPÍTULO VIII Pág. 68 / 94

Aterrorizados, os bichos esperaram. Era impossível abandonar a proteção das casas Daí a pouco os homens saíram correndo em todas as direções. Ouviu-se, logo após, um estrondo ensurdecedor. Os pombos revolutearam no ar e os animais todos, exceto Napoleão, jogaram-se ao chão. Quando se levantaram outra vez, havia uma gigantesca nuvem preta no lugar do moinho. Aos poucos, a brisa a dissolveu. O moinho de vento havia desaparecido!

Aquilo devolveu a coragem aos animais. O medo e o desânimo que sentiam foram engolfados pelo tremendo ódio - que os dominou ante aquela vilania inominável. Um brado de vingança subiu aos ares; sem esperar ordens, reuniram-se e, como um só corpo, lançaram-se contra o inimigo. Desta vez não fugiram às balas cruéis que caíam sobre eles, em saraivadas. Foi uma batalha horrível, selvagem. Os homens atiraram várias vezes e quando os animais os alcançaram foi aquela pancadaria em todas as direções, com porretes e tacões de bota. Morreram uma vaca, três ovelhas e dois gansos, e quase todo mundo ficou ferido. Até Napoleão, que dirigia as operações da retaguarda, teve a ponta do rabicho arranhada por um balim. Mas aos homens não tocou melhor sorte. Três tiveram as cabeças quebradas pelos golpes de Sansão; outro, a barriga furada pelo chifre de uma vaca; outro viu suas calças quase arrancadas por Lulu e Ferrabrás. E quando os nove cachorros da guarda pessoal de Napoleão, que este mandara realizar um movimento por trás da sebe, apareceram de repente no flanco dos humanos, latindo furiosamente, o pânico os dominou. Perceberam o perigo de serem cercados. Frederick gritou a seus homens que se retirassem enquanto havia passagem, e em seguida o inimigo fugia acovardado para salvar a vida. Os animais perseguiram-nos até o fundo do campo, aplicando-lhes ainda os últimos golpes ao atravessarem a sebe de pilriteiro.





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