Todas folgão, e eu não,
Todas vem e todas vão
Onde querem, senão eu.
Hui! e que peccado he o meu,
Ou que dor de coração?
Esta vida he mais que morta.
Sam eu coruja ou corujo,
Ou sam algum caramujo
Que não sae senão à porta?
E quando me dão algum dia
Licença, como a bugia,
Que possa estar à janela,
He já mais que a Madanela
Quando achou a alleluïa.
Vem a Mãe, e diz:
MÃE
Logo eu adivinhei
Lá na missa onde eu estava,
Como a minha Ines lavrava
A tarefa que lh’eu dei.
Acaba esse travesseiro!
Hui! Nasceu-te algum unheiro?
Ou cuidas que he dia sancto?
INES
Praza a Deos que algum quebranto
Me tire do cativeiro.
MÃE
Toda tu estás aquella!
Chórão-te os filhos por pão?
INES
Prouvesse a Deos! Que já he rezão
De eu não estar tão singela.