Ao fim de sete anos, Minerva, do alto Olimpo, radiosa pátria dos deuses, compadeceu-se do pobre Ulisses. Sempre o estimara e admirara pela sua inteligência e habilidade. E agora sentia que já era tempo de não o fazer sofrer mais. Conseguiu então que Júpiter, seu pai, e pai de todos os deuses, mandasse o mensageiro Mercúrio dizer a Calipso que desse a liberdade a Ulisses e lhe fornecesse todos os meios indispensáveis à sua partida de Ogígia e à sua travessia até à cidade de Ítaca.
Estava Calipso na sua habitação, que era uma gruta encantadora, trabalhando num lindo tear de rico marfim com uma lançadeira de ouro. Madeiras olorosas ardiam alegremente à entrada da gruta. Olmos, choupos e ciprestes, povoados de aves gorjeantes, sombreavam a gruta agasalhadora, e vinhas cobertas de cachos vestiam as pedras. Quatro fontes prateadas nasciam cada uma de seu lado, e cercavam com suas águas límpidos prados esmaltados de toda a espécie de flores. Calipso ali vivia, contente, enquanto Ulisses chorava a desdita do seu exílio, o olhar sempre atraído pelos horizontes do mar...