maneira de me vingar do ciclope e de fugirmos todos à sua maldade funesta. Muitas ideias me passaram pela cabeça. Mas eis o partido que tomei.
«Havia na caverna um grande tronco de oliveira ainda verde. O ciclope tinha-a cortado para servir de moca, em secando. Era formidável. Tão alta como grossa, parecia o mastro de um barco de vinte remos! Cortei-lhe uma parte, disse aos meus companheiros que a fossem afilando. Agucei-a depois na extremidade, e endureci a ponta no lume.
Escondi-a e tirei à sorte os nomes de quem deveria ajudar-me a cravá-la no olho único do monstro. Caiu a sorte nos melhores, nos mais decididos e corajosos dos meus homens. Feito isto, resolvemos esperar...
«A tarde chega. Volta o ciclope com os seus rebanhos. Abre e fecha a porta formada com o penedo. Trata dos arranjos da ceia, e mais dois companheiros, dois amigos, vejo sumir nas goelas do gigante. Comeu à farta. Quando o julguei satisfeito, aproximei-me e, pegando no odre de vinho, disse-lhe:
- Ciclope, bebe este vinho, que já comeste carne humana demais. Trazia-o para outro fim, bebe-o tu, que te há-de saber bem, e vai pensando no mal que fazes a esta ilha, onde certamente nenhum homem se atreverá a vir sabendo a desumanidade da tua