Foi nesse porto que os marinheiros de Ulisses ancoraram; e, como o Herói continuasse a dormir, ergueram-no nos braços, e depuseram-no na praia, deixando a seu lado os ricos presentes dados pelos Feácios. Cumprida a sua missão, voltaram para bordo, e trataram de remar sem descanso, para que breve Alcino recebesse boas notícias da chegada de Ulisses.
O pior é que Neptuno, deus do mar, detestava quantos pretendiam conhecer os caminhos das ondas, e vencer os perigos e dificuldades das navegações.
Os Feácios, que tinham a fama, e a fama justa, de serem os melhores pilotos do Mundo, não podiam escapar à sua cólera sobretudo agora, por terem conduzido à pátria desejada o sábio Ulisses, que Neptuno não estimava muito. Boa ocasião para satisfazer o seu ódio!
Por isso não perdeu tempo. Vendo o barquinho leve atravessar o mar com rapidez e segurança, o que há-de fazer? Toca-lhe com a forte mão espalmada, e imediatamente a madeira se transforma em pedra, em rochedo em forma de navio, mas enraizado no fundo da água como qualquer outro penedo. Felizmente, aconteceu isto mesmo junto da ilha de Córcira. Os marinheiros foram todos para terra. Mas o barco onde Ulisses conseguira enfim alcançar as praias de Ítaca - esse nunca mais serviu senão para sofrer o furioso embate das ondas que espumavam contra a sua maciça bruteza...