Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 6: A velhice de uma mãe culpada

Página 199
Apesar de Alfredo de Vandenesse causar horror a essa desgraçada mãe, via-se obrigada a ocultar no mais íntimo do coração as razões de Vandenesse, pai de Alfredo, e essa amizade, respeitável aos olhos do mundo, autorizava o rapaz a ir familiarmente à casa da condessa de Saint-Héreen, pela qual fingia uma paixão que perdurava desde a infância. Seria inútil que a senhora d’Aiglemont se decidisse a lançar entre a filha e Alfredo de Vandenesse uma palavra terrível que os devia separar; estava certa de que não o conseguiria, não obstante o poder dessa palavra que a desonraria aos olhos da filha. Alfredo tinha demasiada corrupção, Moina demasiado espírito para acreditar nessa revelação, e a jovem condessa a teria posto de parte, considerando- a como astúcia materna. A senhora d’Aiglemont construíra seu cárcere com as próprias mãos e encerrara-se nele para aí morrer, vendo perder-se a bela existência de Moina, essa vida que se tornara a sua glória, a sua felicidade e consolação, uma existência para ela mil vezes mais querida que a sua própria. Sofrimentos horríveis, incríveis, intraduzíveis! Abismo sem fim!

Esperava impacientemente que a filha se levantasse e, ao mesmo tempo, receava a sua presença, semelhante ao miserável condenado à morte que desejaria acabar com a vida e, ao mesmo tempo, sente-se gelado, pensando no carrasco. A marquesa resolvera tentar um último esforço; temia porém menos ver malograda sua tentativa do que receber um desses ferimentos tão dolorosos ao seu coração, que lhe haviam esgotado toda a coragem. Seu amor materno chegara àquele ponto: amar a filha, temê-la, recear uma punhalada e expôr-se a seu golpe. O sentimento materno é tão grande nos corações amorosos que, antes de chegar à indiferença, uma mãe deve morrer ou apoiar-se em algum grande poder, a religião ou o amor.

<< Página Anterior

pág. 199 (Capítulo 6)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Mulher de Trinta Anos
Páginas: 205
Página atual: 199

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Primeiros erros 1
Sofrimentos desconhecidos 75
Aos trinta anos 98
O dedo de Deus 123
Os dois encontros 138
A velhice de uma mãe culpada 190