O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 117 / 279

O pai Goriot só lhe tinha falado das filhas a respeito do que se tinha permitido dizer publicamente aquando das duas visitas que tinham feito.

- Meu caro senhor - tinha-lhe dito no dia seguinte -, como pode ter acreditado que a senhora de Restaud lhe tenha querido mal por ter pronunciado o meu nome? As minhas duas filhas gostam muito de mim. Sou um pai feliz. No entanto, os meus dois genros tiveram uma atitude incorrecta para comigo. Não quis fazer sofrer essas queridas criaturas com as discórdias que tinha com os maridos e preferi vê-las em segredo. Este mistério dá-me mil prazeres que não entendem os outros pais que podem ver as filhas quando querem. Eu, não posso, está a compreender? Então vou, quando está bom tempo, aos Champs Elysées, após ter perguntado às criadas se as 'minhas filhas vão sair. Espero a passagem delas, o coração bate forte quando os carros chegam, admiro-lhes as roupas, atiram-me ao passar um pequeno sorriso que ilumina a minha pessoa como se recebesse um raio do mais belo sol. E fico, elas devem voltar. Vejo-as ainda! O ar faz-lhes bem, estão rosadas. Ouço dizer à minha volta: Que bela mulher! Isso alegra-me o coração. Não são o meu sangue? Amo os cavalos que as levam e quereria ser o cãozinho que têm nos joelhos. Vivo dos seus prazeres. Todos têm a sua maneira de amar, a minha não faz mal a ninguém, então por que é que o mundo se preocupa tanto com a minha 'vida? Sou feliz à minha maneira. Será contra as leis ir ver as minhas filhas, à noite, quando saem de casa para irem ao baile? Que tristeza para mim se chego demasiado tarde e me dizem: A senhora saiu. Uma noite esperei até às 3 horas da manhã para ver Nasie, que não tinha visto há dois dias. Quase morri de saudade! Por favor, só fale de mim para dizer o quanto as minhas filhas são boas.





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