O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 122 / 279

A viscondessa olhou para Eugène, sorrindo.

- Será bastante comprometedor para si - disse ela.

- O francês gosta do perigo, porque lá encontra a glória, disse o senhor de Chateaubriand - respondeu Rastignac, inclinando-se.

Alguns momentos depois, foi levado pela senhora dê Beauséant numa carruagem rápida até ao teatro da moda e pensou em qualquer magia quando entrou num camarote da frente e se viu alvo de todos os binóculos juntamente com a viscondessa cuja toilette era deliciosa. Andava de encantamento em encantamento.

- Então, que me conta - disse-lhe a senhora de Beauséant. - Ah!, repare, a senhora de Nucingen a três camarotes do nosso. A irmã e o senhor de Trailles estão do outro lado.

Ao dizer isso, a viscondessa olhava para o camarote onde devia estar a menina de Rochefide, e, não vendo lá o senhor de Ajuda, retomou uma expressão esplendorosa.

- É encantadora - disse Eugène após ter olhado para a senhora de Nucingen.

- Tem as pestanas brancas.

- Sim, mas que cintura tão elegante!

- Tem mãos muitos grosseiras.

- Que belos olhos!

- Tem o rosto comprido.

- Mas a forma alongada tem distinção.

- Ainda bem para ela. Veja como pega e larga o binóculo! O Goriot aparece em todos os seus gestos - disse a viscondessa para grande espanto de Eugène.

Com efeito, a senhora de Beauséant inspeccionava a sala e parecia não ligar à senhora de Nucingen, de quem no entanto não perdia um único gesto. A assembleia estava magnífica. Delphine de Nucingen sentia-se lisonjeada por ocupar exclusivamente o jovem, o belo, o elegante primo da senhora de Beauséant, ele só olhava para ela.

- Se continua a olhá-la dessa forma, vai provocar um escândalo, senhor de Rastignac. Não conseguirá nada, se se atirar dessa maneira à cabeça das pessoas.





Os capítulos deste livro