A viscondessa olhou para Eugène, sorrindo.
- Será bastante comprometedor para si - disse ela.
- O francês gosta do perigo, porque lá encontra a glória, disse o senhor de Chateaubriand - respondeu Rastignac, inclinando-se.
Alguns momentos depois, foi levado pela senhora dê Beauséant numa carruagem rápida até ao teatro da moda e pensou em qualquer magia quando entrou num camarote da frente e se viu alvo de todos os binóculos juntamente com a viscondessa cuja toilette era deliciosa. Andava de encantamento em encantamento.
- Então, que me conta - disse-lhe a senhora de Beauséant. - Ah!, repare, a senhora de Nucingen a três camarotes do nosso. A irmã e o senhor de Trailles estão do outro lado.
Ao dizer isso, a viscondessa olhava para o camarote onde devia estar a menina de Rochefide, e, não vendo lá o senhor de Ajuda, retomou uma expressão esplendorosa.
- É encantadora - disse Eugène após ter olhado para a senhora de Nucingen.
- Tem as pestanas brancas.
- Sim, mas que cintura tão elegante!
- Tem mãos muitos grosseiras.
- Que belos olhos!
- Tem o rosto comprido.
- Mas a forma alongada tem distinção.
- Ainda bem para ela. Veja como pega e larga o binóculo! O Goriot aparece em todos os seus gestos - disse a viscondessa para grande espanto de Eugène.
Com efeito, a senhora de Beauséant inspeccionava a sala e parecia não ligar à senhora de Nucingen, de quem no entanto não perdia um único gesto. A assembleia estava magnífica. Delphine de Nucingen sentia-se lisonjeada por ocupar exclusivamente o jovem, o belo, o elegante primo da senhora de Beauséant, ele só olhava para ela.
- Se continua a olhá-la dessa forma, vai provocar um escândalo, senhor de Rastignac. Não conseguirá nada, se se atirar dessa maneira à cabeça das pessoas.