O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 124 / 279

Estava humilhado por se encontrar neste grande museu da beleza sem o seu quadro, sem ter uma amante. «Ter uma amante é uma posição quase real», pensava «é o sinal do poder!» E olhou para a senhora de Nucingen como um homem insultado pelo adversário. A viscondessa virou-se para ele para lhe dar sobre a sua discrição mil agradecimentos num piscar de olhos. O primeiro acto tinha acabado.

- Conhece suficientemente bem a-senhora de Nucingen para lhe apresentar o senhor de Rastignac? - disse ela ao marquês de Ajuda.

- Mas ela ficará encantada de o conhecer - disse o marquês.

O belo português levantou-se, pegou no braço do estudante, que num piscar de olhos se encontrou junto da senhora de Nucingen.

- Senhora baronesa - disse o marquês -, tenho a honra de lhe apresentar o cavalheiro Eugène de Rastignac, um primo da viscondessa de Beauséant. A senhora causa-lhe uma impressão tão forte, que quis-lhe completar a felicidade aproximando-o do seu ídolo.

Estas palavras foram ditas com um certo tom jocoso que disfarçava a ideia um pouco brutal, mas que, bem torneada, nunca desagrada a uma mulher. A senhora de Nucingen sorriu e ofereceu a Eugène o lugar do marido' que tinha acabado de sair.

- Não ouso propor-lhe ficar junto de mim, senhor - disse ela. -' Quando se têm a felicidade de estar junto da senhora de Beauséant, lá se fica.

- Mas - disse-lhe em voz baixa Eugène - parece-me, senhora, que se quero agradar a minha prima, ficarei junto de si. Antes da chegada do senhor marquês falávamos de si e da distinção de toda a sua pessoa disse em voz alta.

O senhor de Ajuda retirou-se.

- A sério, senhor - disse a baronesa -, vai ficar? Então travaremos conhecimento, a senhora de Restaud já me tinha comunicado o mais ardente desejo de o ver.





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