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Capítulo 1: O PAI GORIOT

Página 14
Infelizmente, a viúva do comissário ordenador das armadas da República nada mais possuía, para além do seu dote e da pensão; podia deixar um dia esta pobre rapariga, sem experiências nem recursos, à mercê do mundo? A boa mulher levava Victorine à missa todos os domingos, a confessar-se todos os quinze dias, para, em desespero de causa, fazer dela uma rapariga crente. Tinha razão. Os sentimentos religiosos ofereciam um futuro a esta criança desacreditada, que amava o pai, que todos os anos ia ter com ele para lhe trazer o perdão da mãe, mas que, também, todos os anos, ficava à porta da casa paterna, inexoravelmente fechada. O irmão, seu único mediador, não viera vê-la uma única vez em quatro anos, nem lhe enviara nada que a auxiliasse. Ela suplicava a Deus para que abrisse os olhos do pai, para que enternecesse o coração do irmão e rezava por eles sem os acusar. A senhora Couture e a senhora Vauquer não encontravam palavras suficientes nos dicionários das injúrias para qualificar esta conduta bárbara. Quando maldiziam esse infame milionário, Victorine dizia palavras doces, semelhantes ao canto do pombo-torcaz ferido, cujo grito de dor ainda exprime amor. Eugêne de Rastignac tinha um rosto todo ele meridional, a tez branca, cabelos pretos e olhos azuis. O seu andar, os seus modos, a pose habitual revelavam o filho de uma família nobre, a quem a educação dera tradições de bom gosto. Se poupava as roupas, se nos dias comuns acabava de usar as do ano anterior, podia no entanto sair algumas vezes como um homem elegante. Normalmente, vestia uma sobrecasaca velha, um colete usado, a feia gravata preta, mole, com um nó mal feito como os dos estudantes, umas calças em conformidade e botas com meias solas.

Entre estas duas personagens e as outras, Vautrin, o homem de 40 anos, de suíças pintadas, funcionava como elemento de transição.

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Capa do livro O Pai Goriot
Páginas: 279
Página atual: 14

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
O PAI GORIOT 1