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Capítulo 1: O PAI GORIOT

Página 15
Era uma dessas pessoas que o povo diz: «Que belo homem!» Tinha os ombros largos, o busto bem desenvolvido, os músculos salientes, as mãos grandes, quadradas e com as falanges bem marcadas por tufos de pêlos de um ruivo intenso. O seu rosto, marcado com rugas prematuras, oferecia sinais de dureza que desmentiam os seus modos ágeis e sociáveis. A voz de baixo-barítono, em harmonia com a grande alegria, não era desagradável. Era prestável e risonho. Se alguma fechadura não funcionava bem, depressa a desmontava, arranjava, oleava, limava e colocava de novo, dizendo: «Disto, percebo eu.» Também conhecia tudo, os navios, o mar, a França, o estrangeiro, os negócios, os homens, os acontecimentos, as leis, os hotéis e as prisões. Se alguém se lhe queixava com alguma insistência, oferecia de imediato os seus préstimos. Emprestara várias vezes dinheiro à senhora Vauquer e a alguns pensionistas; mas os devedores preferiam morrer a não lhe devolver as somas emprestadas, visto que, apesar do ar bonacheirão, inspirava temor por uma espécie de olhar profundo e cheio de resolução. A maneira como lançava um jacto de saliva, anunciava um sangue frio imperturbável que não o deixava recuar diante de crime algum para sair de uma posição equívoca. Como um juiz severo, o seu olhar parecia ir ao fundo das questões, de todas as consciências, de todos os sentimentos. Os seus costumes resumiam-se a sair após o pequeno-almoço, voltar para jantar, desaparecer durante todo o serão e voltar por volta da meia-noite, com a ajuda de uma chave-mestra que lhe dera a senhora Vauquer. Só ele tinha essa regalia. Mas também se entendia às mil maravilhas com a viúva, que tratava por mamã pegando-lhe pela cintura, elogio pouco compreendido! A boa mulher ficava convencida de que isso era fácil de fazer, apesar de só Vautrin ter os braços suficientemente compridos para apertar uma tal circunferência.

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Capa do livro O Pai Goriot
Páginas: 279
Página atual: 15

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
O PAI GORIOT 1