O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 146 / 279

- Não utilizará isto contra mim - disse ela - prometa-me.

- Ah, minha senhora! Sou incapaz de tal - disse o rapaz.

Ela pegou-lhe na mão e colocou-a sobre o coração num movimento cheio de reconhecimento e de gentileza.

- Graças a si, eis que fiquei de novo livre e alegre. Vivia oprimida por uma mão-de-ferro. Quero agora viver simplesmente, nada gastar. Vai ver como eu sou, na verdade! Guarde isso. - disse pegando apenas em seis notas de Banco -Em consciência, devo-lhe 1000 ecus, pois o negócio foi feito por ambos. - Eugène defendeu-se como uma virgem. Mas a baronesa tendo-lhe dito: - Só vos olho como meu inimigo se não for meu cúmplice. - Ele pegou no dinheiro - Será investimento em caso de desgraça - disse ele.

- Eis a palavra que temia - gritou ela, empalidecendo. - Se quer que eu seja algo para si, jurai-me - disse ela - nunca mais voltar a jogar. Meu Deus! Eu corrompê-lo! Morreria de dor.

Tinham chegado. O contraste desta miséria e desta opulência deixava o estudante tonto, a quem as sinistras palavras de Vautrin vieram ressoar. - Coloque-se ali - disse a baronesa ao entrar no quarto e mostrando um sofá junto da lareira -, vou escrever uma carta bem dolorosa! Aconselhe-me.

- Não escreva - disse-lhe Eugène. - Embrulhe as notas, ponha a morada e envie-as pela sua criada de quarto.

- Mas é um amor de homem - disse. - Ah! O que é ter sido bem educado! Isto é do mais puro Beauséant - disse, sorrindo.

«É encantadora», pensou Eugène que se sentia" cada vez mais apaixonado. Olhou para esse quarto onde respirava a elegância voluptuosa de uma rica cortesã.

- Agrada-lhe? - disse, tocando para chamar a criada de quarto. Thérèse, entregai isto em mão própria ao senhor de Marsay. Se não o encontrar, traga-me de volta.





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