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Capítulo 1: O PAI GORIOT

Página 156
O verdadeiro amor pagava pelo mau. Este contra-senso será infelizmente frequente enquanto os homens não souberem quantas flores são cortadas na alma de uma jovem mulher pelos primeiros golpes da traição. Quaisquer que fossem as razões, Delphine gozava com Rastignac e gostava disso, talvez porque sabia ser amada e segura de saber fazer parar as tristezas do amante, segundo o seu belo prazer de mulher. Por respeito para com ele próprio, Eugène não queria que o seu primeiro combate acabasse com uma derrota e persistia na sua busca, como um caçador que quer absolutamente matar uma perdiz na sua primeira caçada. As suas ansiedades, o seu orgulho próprio ofendido, os desesperos, falsos ou verdadeiros, prendiam-no cada vez mais a essa mulher.

Todo Paris lhe dava a senhora de Nucingen, junto de quem não estava mais adiantado do que no primeiro dia em que a tinha visto. Ignorando ainda que a elegância de uma mulher dá por vezes mais benefícios do que o seu amor dá prazer, caía em raivas estúpidas. Se a estação durante a qual uma mulher se faz de rogada perante o amor dava a Rastignac a riqueza das suas primícias, tornavam-se pouco a pouco tão caras quanto verdes, amargas e deliciosas de saborear. Por vezes, vendo-se sem um tostão, sem futuro, pensava, apesar da voz da consciência, nas possibilidades de fortuna que Vautrin lhe tinha demonstrado com a hipótese de um casamento com a menina Taillefer. Pois encontrava-se agora num momento em que a miséria falava tão alto, que cedeu quase involuntariamente aos artifícios da terrível esfinge pelos olhares de quem ficava muitas vezes fascinado. No momento em que Poiret e a menina Michonneau voltaram para o quarto, Rastignac, pensando estar só com a senhora Vauquer e a senhora Couture, que tricotavam mangas dormitando junto do fogão, olhou para a menina Taillefer de uma forma suficientemente ternurenta para lhe fazer baixar os olhos.

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Capa do livro O Pai Goriot
Páginas: 279
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Os capítulos deste livro:
O PAI GORIOT 1