Não chafurdará durante muito tempo nos pântanos onde vivem os sapos que nos rodeiam aqui. Pois bem! Assim é que é falar. Casará. Levemos cada um a nossa avante! A minha é de ferro e não quebra nunca, ah!, ah!
Vautrin saiu sem querer ouvir a resposta negativa do estudante, para o deixar à vontade. Parecia conhecer os segredos dessas pequenas resistências, desses combates que os homens travam consigo próprios e que servem para justificar acções recriminatórias.
«Faça como fizer, não casarei com a menina Taillefer!», pensou Eugène. Após ter sofrido o mal-estar de uma febre interior que lhe provocou a ideia de um pacto feito com este homem de quem tinha horror, mas que era cada vez maior a seus olhos, pelo próprio cinismo das suas ideias e pela audácia com que esmagava a sociedade, Rastignac vestiu-se, pediu um atrelado e foi a casa da senhora de Restaud. Desde há alguns dias, esta mulher tinha desdobrado de atenções para com um rapaz de quem cada passo era um progresso no coração do grande mundo e cuja influência parecia um dia ser temível. Pagou aos senhores de Trailles e de Ajuda, jogou whist parte da noite e voltou a ganhar o que tinha perdido. Supersticioso como a maior parte dos homens cujo caminho ainda está por fazer e que são mais ou menos fatalistas, quis ver na sua felicidade uma recompensa do céu pela sua perseverança em ficar no bom caminho. No outro dia de manhã, apressou-se a perguntar a Vautrin se ainda tinha a letra de câmbio. Após uma resposta afirmativa, deu-lhe os 3000 francos manifestando um prazer natural.
- Tudo corre bem - disse-lhe Vautrin.
- Mas não sou seu cúmplice - disse Eugène.
- Sei, sei - respondeu Vautrin, interrompendo-o. - Ainda faz crian-
cices. Ainda pára sobre coisas sem importância.