Capítulo 1: O PAI GORIOT
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Preocupou-se muito em mudar o tipo de pessoas que alojava, mostrando a pretensão de só aceitar de ali em diante as pessoas mais distintas em todos os aspectos. Um estrangeiro apresentava-se, ela gabava-lhe a preferência que o senhor Goriot, um dos negociantes mais notáveis e respeitados de Paris, lhe tinha dado. Distribuía prospectos nos quais se podia ler: CASA VAUQUER. «Era, dizia, uma das mais antigas e mais estimadas pensões burguesas do país latino. Possuía uma vista das mais agradáveis sobre o vale dos Gobelins (via-se do terceiro andar) e um belo jardim, no fim do qual se estendia uma alameda de tílias.» Falava do bom ar e da solidão. Esse prospecto trouxe-lhe a senhora condessa de Ambermesnil, mulher de 36 anos, que aguardava o fim da liquidação e regularização de uma pensão que lhe era devida, na qualidade de viúva de um general morto nos campos de batalha. A senhora Vauquer cuidou a mesa, fez lume nos salões durante perto de seis meses e cumpriu tão bem as promessas do seu prospecto que se empenhou pessoalmente. Assim, a condessa dizia à senhora Vauquer, quando a chamava querida amiga, que lhe recomendaria a baronesa Vaumerland e a viúva do coronel conde Picquoiseau, duas amigas dela, que acabavam os seus dias no Marais com uma pensão mais cara do que a Casa Vauquer. Essas damas estariam além disso bastante desafogadas quando os Escritórios da Guerra tivessem acabado o seu trabalho. «Mas, dizia, os Escritórios não acabam nada.» As duas viúvas subiam juntas após o jantar para o quarto da senhora Vauquer e passavam aí o tempo conversando enquanto bebiam cássis e comiam guloseimas reservadas para a boca da patroa. A senhora de Ambermesnil aprovou bastante os pontos de vista da sua hospedeira acerca de Goriot, visões excelentes, que até tinha adivinhado desde o primeiro dia; achava-o um homem perfeito.
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