Graças a Deus, estás casada com separação de bens, terás o mestre Derville como advogado, um homem honesto, felizmente. Caramba! Guardarás o teu pequeno milhão, as tuas 50000 libras de rendimento, até ao fim dos teus dias, ou farei um banzé em Paris, ah! ah! Mas irei até às câmaras se os tribunais não nos derem razão. Saber-te tranquila e feliz do lado do dinheiro, só esse pensamento aliviará todos os meus males e acalmaria as minhas tristezas. O dinheiro é a vida. A moeda consegue tudo. Que nos canta aí, esse brutamontes desse alsaciano? Delphine, não faças concessão de um pedaço sequer a esse animal que te pôs a corda ao pescoço e te tornou infeliz. Se ele precisa de ti, iremos ameaçá-lo firmemente, e ele andará direito. Meu Deus, tenho a cabeça a arder, tenho no crânio algo que me queima. A minha Delphine na penúria! Oh! Minha Fifine! Tu! Ora bolas! Onde estão as minhas luvas? Vamos embora! Quero ir ver tudo, os livros, os negócios, a caixa, a correspondência, agora. Só ficarei calmo quando me for provado que a tua fortuna já não corre perigo e quando a vir com os meus próprios olhos.
- Meu querido pai! Ide com prudência. Se pusesse a mais pequena veleidade de vingança nesse assunto, e se mostrasse intenções demasiado hostis, estaria perdida. Ele conhece-vos, achou natural que, sob um conselho seu, me preocupasse com a minha fortuna, mas juro-lhe, ela está nas mãos dele e quer segurá-la. É homem para fugir com todos os capitais e deixar-nos aqui, esse desgraçado! Ele sabe bem que não irei eu mesma desonrar o nome que carrego perseguindo-o. É simultaneamente forte e fraco. Examinei tudo. Se o levamos até ao extremo, estou arruinada.
- Mas é então um larápio?
- Pois sim, sim, meu pai - disse, atirando-se sobre uma cadeira chorando.
