O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 247 / 279

- Então! Como está meu pai? - perguntou-lhe a senhora de Nucingen quando voltou em fato de noite.

- Extremamente mal - respondeu. - Se me quisesse dar uma prova do seu afecto, iríamos a correr vê-lo.

- Claro que sim! Mas após o baile. Meu bom Eugène, seja gentil, não me dê lições de moral, venha.

Partiram. Eugène ficou silencioso durante uma parte do caminho.

- Que tem? - disse-lhe ela.

- Ouço o arquejar de seu pai - respondeu com um tom zangado.

E começou a contar com a eloquência calorosa da idade jovem a feroz acção a que a senhora de Restaud tinha sido levada por vaidade, à crise mortal que essa última dedicação de pai tinha provocado e o que custaria o vestido sumptuoso de Anastasie. Delphine chorava.

«Vou ficar feia», pensou.

- As lágrimas secaram. Irei velar meu pai, não sairei do lado dele retomou.

'- Aqui está como eu a queria! - gritou Rastignac.

As lanternas de quinhentos carros iluminavam as redondezas do hotel de Beauséant. De cada lado da porta estava um polícia a cavalo. A alta sociedade chegava de forma tão abundante, e todos tinham tanta pressa em ver essa grande mulher na altura da sua queda que os apartamentos, situados no rés-do-chão do hotel, já estavam cheios quando a senhora de Nucingen e Rastignac se apresentaram. Desde o momento em que toda a corte acorreu a casa da Grande Mademoiselle a quem Luís XIV arrancava o amante, nenhum desastre do coração foi mais esplendoroso do que o da senhora de Beauséant. Nesta circunstância, a última rapariga da quase real casa de Borgonha mostrou-se superior ao seu mal, e dominou até ao último momento o mundo de que só tinha aceite as vaidades para as pôr ao serviço da sua paixão. As mais belas mulheres de Paris animavam os salões com as suas vestimentas e sorrisos.





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