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Capítulo 1: O PAI GORIOT

Página 266

- Que tens? Estás branco como a morte.

- Meu amigo, acabei de ouvir gritos e lamentos. Há um Deus! Oh, sim! Há um Deus, e fez-nos um mundo melhor, onde a nossa terra não tem sentido. Se não fosse tão trágico, ter-me-ia derretido em lágrimas, mas tenho o coração e o estômago horrivelmente apertados.

- Ouve lá, vamos precisar de muitas coisas, onde ir buscar o dinheiro? Rastignac tirou o relógio.

- Toma, vai depressa penhorá-lo. Não quero parar no caminho, pois tenho medo de perder um minuto, e espero o Christophe. Não tenho um cêntimo, teremos de pagar ao cocheiro quando voltar.

Rastignac precipitou-se na escada e partiu para ir à Rua Helder a casa da senhora de Restaud. Durante o caminho, a imaginação dele, tocada pelo horrível espectáculo que tinha testemunhado, aqueceu a sua indignação. Quando chegou à sala de espera e pediu para ver a senhora de Restaud, responderam-lhe que ela não estava disponível.

- Mas - disse ao criado de quarto - venho da parte do pai que está a morrer.

- Senhor, temos ordens muito severas do senhor conde...

- Se o senhor de Restaud está, dizei-lhe em que circunstâncias se encontra o sogro dele e preveni-o que tenho de lhe falar agora mesmo.

Eugène esperou durante muito tempo.

«Talvez esteja a morrer agora mesmo», pensava.

O criado de quarto introduziu-o no primeiro salão, onde o senhor de Restaud recebeu o estudante em pé, sem o mandar sentar, em frente a uma chaminé onde não havia lume.

- Senhor conde - disse-lhe Rastignac -, o senhor seu sogro agoniza neste momento numa pocilga infame, sem um tostão para ter lenha, está exactamente às portas da morte e pede para ver a filha...

- Senhor - respondeu-lhe com frieza o conde de Restaud -, deve ter podido reparar que tenho pouco carinho para com o senhor Goriot.

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Capa do livro O Pai Goriot
Páginas: 279
Página atual: 266

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
O PAI GORIOT 1