Corrompeu a senhora de Restaud com ideias loucas, fez a minha desgraça, vejo nele o inimigo do meu sossego. Que morra, que viva, tudo isso me é perfeitamente indiferente. Eis os sentimentos que tenho para com ele. O mundo poderá criticar-me, menosprezo a opinião pública. Tenho agora coisas mais importantes para fazer do que ocupar-me com o que pensarão de mim os idiotas ou indiferentes. Quanto à senhora de Restaud, não está em condições de sair. Além disso, não quero que ela deixe a casa. Dizei ao pai que logo que ela tiver desempenhado os seus deveres para comigo, para com o nosso filho, irá vê-lo. Se ela amar o pai; poderá estar liberta dentro de alguns instantes...
- Senhor conde, não me cabe julgar o seu comportamento, o senhor é dono da sua mulher, mas posso contar com a sua lealdade? Pois bem! Prometei-me somente de lhe dizer que o pai não tem um dia de vida, e já a amaldiçoou não a vendo à cabeceira dele!
- Dizei-lhe você mesmo - respondeu o senhor Restaud, tocado pelos sentimentos de indignação que o tom de Eugène traía.
Rastignac entrou, conduzido pelo conde, no salão onde estava habitualmente a condessa, encontrou-a banhada em lágrimas e enfiada numa poltrona como uma mulher que quer morrer. Teve pena dela. Antes de olhar para Rastignac, lançou sobre o marido olhares de receio que anunciavam uma prostração completa das suas forças aniquiladas por uma tirania moral e física. O conde acenou a cabeça, pensou estar a ser encorajada a falar.
- Senhor, ouvi tudo. Dizei a meu pai que se ele conhecesse a situação na qual me encontro, iria perdoar-me. Não contava com este suplício, está acima das minhas forças, senhor, mas resistirei até ao fim - disse ao marido. - Sou mãe. Dizei a meu pai que sou irrepreensível em relação a ele, apesar das aparências - gritou com desespero ao estudante.