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Capítulo 1: O PAI GORIOT

Página 278

- Sim, senhor Eugène - disse Christophe -, era um bom e honesto homem, que nunca lançou uma palavra mais alta do que a outra, que não prejudicava ninguém e nunca fez mal algum.

Os dois padres, o menino de coro e o sacristão vieram e deram tudo aquilo que se pode ter por 60 francos numa época em que a religião não é suficientemente rica para rezar de graça. As gentes do clero cantaram um salmo, o Libera, o De Profondis. O serviço durou vinte minutos. Havia apenas um carro funerário para um padre e um menino de coro, que consentiram em levar com eles Eugène e Christophe.

- Não há cortejo - disse o padre -, poderemos andar depressa para não nos atrasarmos, são cinco e meia.

No entanto, no momento em que o corpo foi colocado no carro fúnebre, dois carros brasonados, mas vazios, o do conde de Restaud e o do barão de Nucingen, apresentaram-se e seguiram o cortejo até ao Pere-Lachaise. Às 6 horas, o corpo do pai Goriot desceu para a sua fossa, à volta da qual estavam os criados das filhas, que desapareceram logo que foi dita a curta oração devida ao velhote pelo dinheiro do estudante. Quando os dois coveiros acabaram de lançar algumas pazadas de terra sobre o caixão para o esconder, levantaram-se, e um deles, dirigindo-se a Rastignac, pediu-lhe uma gorjeta. Eugène procurou no bolso e não encontrou nada, foi obrigado a pedir emprestado vinte moedas ao Christophe. Essa cena, tão pequena em si, provocou em Rastignac um horrível acesso de tristeza. O dia caía, um crepúsculo húmido atiçava os nervos, olhou para a tumba e lá enterrou a sua última lágrima de rapaz, essa lágrima arrancada pelas santas emoções de um coração puro, uma dessas lágrimas que, da terra onde caem, voltam a subir até aos céus. Cruzou os braços, contemplou as nuvens, e, vendo-o assim, Christophe deixou-o.

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Capa do livro O Pai Goriot
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Os capítulos deste livro:
O PAI GORIOT 1