Capítulo 1: O PAI GORIOT
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O pequeno jardim, tão largo quanto o comprimento da fachada, encontra-se encaixado entre o muro da rua e o muro de paredes meias da casa vizinha, ao longo da qual pende um manto de hera que a esconde por completo e atrai os olhos dos transeuntes graças a um efeito pitoresco em Paris. Cada um desses muros está coberto de latadas e vinhas cujos frutos delgados e poeirentos são a fonte de receios anuais da senhora Vauquer e das suas conversas com os pensionistas. Ao longo de cada muralha uma álea estreita leva até um conjunto de tílias, palavra que a senhora Vauquer, mesmo tendo nascido Conf1ans, pronuncia de uma forma completamente errada, apesar das observações gramaticais dos seus hóspedes. Entre as duas áleas laterais existe um canteiro de alcachofras contornado por árvores de fruto podadas em forma de roca e bordado de azedas, alfaces ou salsa. Debaixo do conjunto de tílias está colocada uma mesa redonda pintada de verde com cadeiras em volta. Aí, nos dias muito quentes, os convivas mais ricos que se permitem tomar café vêm saboreá-lo sob um calor capaz de fazer rachar ovos. A fachada, elevando-se em três andares e com águas-furtadas na parte de cima, está construída em pedra e retocada com essa cor amarela que dá um ar ignóbil a quase todas as casas de Paris. As cinco janelas que espreitam em cada andar têm pequenos vidros e estão guarnecidas com persianas, nenhuma levantada do mesmo modo, de maneira que todas estão desalinhadas entre si. A profundidade desta casa apresenta duas janelas que, no rés-do-chão, estão ornamentadas com grades de ferro. Por detrás do prédio existe um pátio amplo com cerca de vinte passos, onde vivem em excelente harmonia porcos, galinhas, coelhos e ao fundo do qual se eleva um alpendre para guardar lenha.
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