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Capítulo 1: O PAI GORIOT

Página 66
Não tendo tido tempo,-entre o convite e o baile, de fazer uma visita à prima, não tinha por isso ainda penetrado nos apartamentos da senhora de Beauséant; iria então ver pela primeira vez as maravilhas dessa elegância pessoal que trai a alma e os costumes de uma mulher distinta, estudo tanto mais curioso quanto o salão da senhora de Restaud lhe dava um termo de comparação. Às quatro e meia a viscondessa recebia as visitas. Cinco minutos mais cedo, não teria recebido o primo. Eugéne que não sabia nada das diversas etiquetas parisienses, foi conduzido por uma grande escadaria cheia de flores, de cor branca, com corrimão dourado, tapete vermelho, até aos apartamentos da senhora de Beauséant, de quem ignorava a biografia verbal, uma dessas histórias que se contam todas as noites aos ouvidos nos salões de Paris.

A viscondessa mantinha desde há três anos uma relação com um dos mais célebres e ricos senhores portugueses, o marquês de Ajuda- Pinto. Era uma dessas relações inocentes que têm tanto atractivo para as pessoas que a vivem que não podem suportar a presença de terceiros. Por isso, o visconde de Beauséant tinha, ele próprio, dado o exemplo ao público, respeitando, de bom ou mau grado, esta união morganática. As pessoas que, durante os primeiros dias dessa amizade, vinham ver a viscondessa às 14 horas, aí encontravam o marquês de Ajuda-Pinto. A Senhora de Beauséant, incapaz de fechar a porta, o que teria sido muito inconveniente, recebia tão friamente as pessoas e contemplava com tanto afinco a sua cornija, que todos compreendiam quanto a incomodavam. Quando se soube em Paris que se perturbava a senhora de Beauséant vindo vê-la entre as 14 e as 16 horas, encontrou-se na maior solidão. Ia ao teatro ou à ópera na companhia do senhor de Beauséant e do senhor de Ajuda-Pinto, mas, como homem que sabe viver, o senhor de Beauséant deixava sempre a mulher e o português após os ter lá instalado.

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Capa do livro O Pai Goriot
Páginas: 279
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O PAI GORIOT 1