Esta divisão está no seu pleno esplendor na altura em que, p6r volta das sete horas da manhã, o gato da senhora Vauquer precede a sua dona; salta por cima dos louceiros, cheira o leite que está dentro de várias tigelas tapadas com pratos, e faz ouvir o seu ronron matinal. Depressa aparece a viúva, com a sua touca de tule debaixo da qual pende uma madeixa de cabelos mal arranjada; arrasta as pantufas com mau aspecto. O seu rosto envelhecido, gordinho, do centro do qual sai um nariz adunco, as mãos pequenas e gorduchas, a sua figura roliça como um rato da igreja, o seu corpete demasiado cheio e largo estão em harmonia com esta sala onde transpira a infelicidade, onde está bem aninhada a especulação e da qual a senhora Vauquer respira o ar demasiado fétido sem nunca se sentir agoniada. A sua figura fresca como a primeira geada de Outono, os seus olhos com rugas, cuja expressão passa do sorriso prescrito às bailarinas, ao amargo franzimento do cambista, enfim toda a sua pessoa explica a pensão, como a pensão implica a sua pessoa.