O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 75 / 279

Não se lembra, Claire? O rei começou a rir e disse em latim umas palavras sobre a farinha. Pessoas, como era? Pessoas...

- Ejusdem forinae - disse Eugène.

- Isso mesmo - disse a duquesa.

- Ah! É o pai dela - retomou o estudante, fazendo um gesto de horror.

- Claro, esse velho tinha duas filhas por quem é completamente maluco, apesar de tanto uma como a outra o terem praticamente renegado.

- A segunda não está - disse a viscondessa olhando para a senhora de Langeais - casada com um banqueiro com um nome alemão, um barão de Nucingen? Não se chama Delphine? Não é uma loira que tem um camarote de lado na ópera, que também vem ao teatro e ri muito alto para se fazer notar?

A duquesa sorriu, dizendo:

- Mas, minha querida, estou espantada consigo. Por que perde tanto tempo com essas pessoas? É preciso ter sido loucamente apaixonado como o estava Restaud para se ter enfarinhado com Anastasie. Oh! Não lucrou nada com isso! Ela está nas mãos do senhor de Trailles, que a levará à perdição.

- Renegaram o pai - repetia Eugène.

- Pois sim, o pai, um pai - retomou a viscondessa -, um bom pai que lhes deu, diz-se, a cada uma cinco ou seis mil francos para as fazer felizes, casando-as bem, e que só tinha guardado para si oito a dez mil francos de rendimento, pensando que as filhas seriam sempre as suas filhas, que tinha assim gerado duas moradas, duas casas onde seria adorado, querido. Em dois anos, os genros baniram-no da sua sociedade como o último dos miseráveis…

Algumas lágrimas correram dos olhos de Eugène, recentemente refrescado pelas puras e santas emoções da família, ainda sob o jugo encantador das jovens crenças e que ainda só estava no primeiro dia no acampamento das batalhas da civilização parisiense.





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