O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 92 / 279

A paciência e a resignação devem ser as virtudes dos jovens que estão na tua posição. Não estou a ralhar contigo, não gostaria de comunicar à nossa oferenda nenhuma amargura. As minhas palavras são as de uma mãe tão confiante quanto preventiva. Se sabes quais são as tuas obrigações, eu sei, eu, quanto o teu coração é puro, quanto as tuas intenções são excelentes. Assim posso dizer sem receio: vai, meu querido, anda! Tremo porque sou tua mãe, mas cada um dos teus passos será acompanhado com ternura pelos nossos votos e bênçãos. Sê prudente, querido filho. Deves ser sábio como um homem, os destinos de cinco pessoas que te são queridas recaem sobre a tua cabeça. Sim, toda a nossas fortunas estão em ti, como a tua felicidade é a nossa. Rezamos a Deus para te apoiar nos teus empreendimentos. A tua tia Marcillac foi, nesta circunstância, de uma bondade sem limites, ia até imaginar o que me dizias das luvas. Mas tenho um fraquinho pelo mais velho, dizia. Meu Éugene, ama a tua tia, só te direi o que fez por ti quando tiveres conseguido, sem isso, o dinheiro dela iria queimar-te os dedos. Vocês não sabem, crianças, o que é sacrificar as lembranças! Mas o que nós não sacrificaríamos? Ela encarrega-me de te dizer que te dá um beijo na testa e gostaria de te comunicar com esse beijo a força para seres muitas vezes feliz. Esta boa e excelente mulher ter-te-ia escrito se não estivesse com reumatismo nos dedos. O teu pai está bom. A colheita de 1819 ultrapassa as nossas esperanças. Adeus, querido filho. Não direi nada às tuas irmãs: A Laure escreve-te. Deixo-lhe o prazer de te contar os pequenos acontecimentos da família. Que o céu te deixe conseguir! Oh! Sim, vingar, meu Eugène, faz-me evitar uma dor demasiado intensa para que eu possa suportá-la uma segunda vez.




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