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Capítulo 1: O PAI GORIOT

Página 93
Soube o que era ser pobre, desejando a fortuna para os meus filhos. Pronto, adeus. Não nos deixes sem notícias e recebe aqui o beijo que a tua mãe te manda.

Quando Eugène acabou de ler esta carta, estava em prantos, pensava no pai Goriot que desmanchava a sua prata e ia vendê-la para pagar a letra de câmbio da filha. «A tua mãe desfez-se das jóias!», pensava. «A tua tia chorou provavelmente ao vender algumas das suas relíquias! Com que direito irias maldizer Anastasie? Acabas de imitar por egoísmo pelo teu futuro o que ela fez pelo amante! Quem, dentre ela ou tu, vale mais.» O estudante sentiu as entranhas roídas por uma sensação de calor insuportável. Queria renunciar ao mundo, não queria esse dinheiro. Ressentiu esses nobres e belos remorsos secretos cujo mérito é raramente apreciado pelos' ,homens quando julgamos seus semelhantes e que 'muitas vezes fazem com que o anjo do céu absolva o criminoso condenado pelos juristas na terra. Rastignac abriu a carta da irmã, cujas expressões de uma graciosidade inocente lhe refrescaram o coração.

A tua carta veio mesmo a calhar, meu querido irmão. Agathe e eu queríamos utilizar o nosso dinheiro de tantas formas diferentes, que já sabíamos o que comprar. Fizeste como o criado do rei de Espanha quando deixou cair os relógios do mestre, puseste-nos de acordo. A sério, estávamos constantemente em briga por causa do desejo que preferíamos e não tínhamos adivinhado, meu bom Eugène, o emprego que englobaria todos os nossos desejos. Agathe saltou de alegria. Enfim, parecíamos duas malucas durante todo o dia, com tais modos (estilo da tia) que a mãe nos dizia com um ar zangado: «Mas que têm, meninas?» Se nos tivessem ralhado um pouco, teríamos ficado, penso, ainda mais contentes. Uma mulher deve ter bastante prazer ao sofrer por aquele que ama! Eu)d ficava pensativa e entristecida no meio da minha alegria.

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Capa do livro O Pai Goriot
Páginas: 279
Página atual: 93

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
O PAI GORIOT 1