Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: Capítulo II

Página 98
Um deles quase me tocou no rosto, pelo que me sentei muito assustado e desembainhei o sabre para me defender. Estes horrendos animais tiveram a ousadia de atacar-me por ambos os flancos, e um deles pôs as patas anteriores no meu pescoço, mas tive a sorte de abrir-lhe o ventre antes que pudesse fazer-me mal. Tombou a meus pés, e o outro, ao ver a sorte do companheiro, fugiu não sem antes receber uma boa sabrada no dorso, pelo que deixou um carreiro de sangue na sua fuga. Depois desta façanha, caminhei lentamente de um lado para o outro da cama para recobrar alento e ânimo. Aqueles animais eram do tamanho de um corpulento mastim, mas muito mais ágeis e ferozes, pelo que, se tivesse tirado o sabre para dormir, teria sido despedaçado e devorado sem apelo nem agravo. Medi a cauda do rato morto, que tinha cerca de duas jardas de comprimento. Mas sentia demasiada repugnância para deitar para fora da cama aquele corpo morto que continuava a sangrar. Verifiquei que ainda respirava e dei-lhe a estocada final, provocando-lhe um profundo golpe no pescoço.

Pouco depois a minha ama, ao entrar no quarto, viu-me todo ensanguentado e correu para me segurar na sua mão. Apontei-lhe, sorridente, o rato morto e indiquei-lhe por sinais que me encontrava ileso. Com isso alegrou-se em extremo: chamou a criada para que recolhesse o cadáver com umas tenazes e o lançasse pela janela. Pôs-me depois sobre a mesa, onde lhe mostrei o sabre ensanguentado antes de o secar na aba da casaca e o embainhar. Sentia-me pressionado a fazer algo que ninguém poderia fazer por mim e, por esse motivo, procurei dar a entender à minha ama que me pusesse no chão, coisa que fez. A minha timidez não me permitia mais explicações: indiquei-lhe a porta com vários movimentos de cabeça, não sem certa dificuldade, a boa mulher acabou por compreender os meus propósitos.

<< Página Anterior

pág. 98 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro As Viagens de Gulliver
Páginas: 339
Página atual: 98

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Carta do Comandante Gulliver a seu primo Sympson 1
Prefácio do primeiro editor Richard Sympson 3
Capítulo I 8
Capítulo II 85
Capítulo III 170
Capítulo IV 249