Depois de termos feito todo o possível para completar bem a manobra, Ransome sumiu-se no interior da cozinha. Um pouco mais tarde, tendo-me dirigido 'à proa, a visitar o navio, vi-o de relance pela porta aberta. Ele estava sentado, com o tronco muito direito, numa arca, diante do fogão, com a cabeça deitada para trás, encostada à antepara. Tinha os olhos fechados, com as mãos trabalhadoras mantendo aberto o peito da camisa de algodão leve, desnudando tragicamente o peito largo, que arquejava numa respiração convulsa, dorida e difícil. Não deu por mim.
Afastei-me sem barulho e fui para o tombadilho, para render o França que, entretanto, dava sinais de estar muito doente. Deu-me o rumo a preceito e quis retirar-se num passo cheio de alegria, mas vacilou perigosamente duas vezes antes de sair do campo do meu olhar.
A seguir, fiquei completamente só, a ré, governando o meu navio que avançava ligeiro, de vento à popa, arfando levemente a intervalos e manifestando até um pequeno balancear de bombordo a estibordo. Não tardou muito que Ransome aparecesse com uma bandeja à minha frente. Ao ver a comida tornei-me subitamente voraz. Ransome encarregou-se do leme enquanto eu me sentava no xadrez da popa a almoçar.
«Este vento parece que acabou por dar cabo da nossa tripulação», murmurou ele. «Deitou-os abaixo... - a tripulação inteira.»
«Sim», disse eu, «creio que nós os dois somos os únicos em condições de serviço em todo o navio.»
«O França diz que ainda tem alguma brasa. Não sei. Já não há-de ser muita, a dele», continuou Ransome, sorrindo à sua maneira pensativa. «É um bom camarada, ele. Mas imagine, senhor comandante, que este vento se põe a rondar assim quando estivermos próximos da terra.