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Capítulo 8: VI

Página 142

Mas não me mexi de onde estava. O que eu sentia era que precisava de umas pernas e de uns braços novos. Tanto uns como outras me pareciam completamente imprestáveis, esgotados de todo. Nem sequer me faziam doer. Tal não impediu que me levantasse para vestir o capote quando Ransome mo trouxe. E quando ele me lembrou ser melhor agora «levar o Gambril para a proa», respondi-lhe:

«Está bem. Eu ajudo a levá-lo para baixo para o convés.» Sentia-se perfeitamente capaz de ajudar. Levantámos ambos Gambril. Este queria caminhar pelo seu pé, como um homem autêntico, mas ia, entretanto, perguntando num tom de queixume:

«Quando chegarmos à escada, não me largam? Não me largam quando chegarmos à escada?»

O vento continuava a refrescar e soprava a rumo direito, até à espessura de um cabelo. Com a luz do dia, manobrando cautelosamente o leme, conseguimos pôr as vergas do mastro de proa pelo redondo, como que por si próprias (o mar continuava liso), e depois marcaram-se a favor do vento, rondando os cabos. Só via agora dois dos quatro homens que tinham estado comigo durante a noite. Não tentei saber dos outros. Tinham-se dado por vencidos. Eu tinha esperança de que isso fosse apenas temporário.

As diferentes tarefas à proa ocuparam-me durante horas, porque os dois homens que estavam a trabalhar comigo mexiam-se muito devagar e tinham que descansar a todo o momento. Um deles observou que «qualquer maldita coisa a bordo do navio parecia pesar quase cem vezes mais que o seu peso real». Foi a única queixa que se pôde ouvir ali. Não sei o que teríamos feito sem Ransome. Trabalhava ao nosso lado, como nós silencioso e com um pequeno sorriso congelado nos lábios. Eu dizia-lhe de vez em quando em voz muito baixa: «Devagar... - nada de fazer força, Ransome».

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Capa do livro A Linha de Sombra
Páginas: 155
Página atual: 142

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Nota do autor 1
I 6
II 42
II 43
III 64
IV 90
V 106
VI 129