O médico perguntou:
«Vai também para o hospital!»
«Oh!, não», respondi jovialmente. «Burns não vai para terra antes do mastro grande do navio. Sinto orgulho nele. Está somente convalescente.»
«E o senhor está com uma cara... », ia o médico dizer-me, fixando o olhar em mim. Mas eu interrompi-o, encolerizado:
«Eu não estou doente.»
«Não... O que o senhor está é com um aspecto estranho.» «Ora essa, bem vê, passei dezassete dias seguidos no tombadilho.»
«Dezassete!... Mas, com certeza que dormia, o senhor?» «Penso que sim, que dormi. Não me lembro. Do que tenho a certeza é de que não preguei olho nas últimas quarenta horas.»
«Tsch!... Mas agora vai para terra, calculo.»
«Logo que possa. Tenho muito que fazer à minha espera.»
O médico soltou-me a mão, que apertara na sua enquanto conversávamos, puxou do livro de notas de bolso, escreveu à pressa qualquer coisa, arrancou a folha e deu-ma. «Recomendo-lhe instantemente que peça que lhe aviem esta receita em terra. Caso contrário, se não me engano muito, sentirá bastante a falta dela esta noite.»
«O que é isso, então?», perguntei eu, desconfiado.
«Um narcótico», retorquiu secamente o médico, e abordando, com uma atitude solicitamente interessada Burns, começou a conversar com ele.
Quando desci, para me vestir antes de ir a terra, Ransome seguiu-me. Pediu-me desculpa, mas o certo é que gostava de ir para terra e desembarcar à noite.
Fitei-o, muito surpreendido. Ele esperava, manifestamente ansioso, a minha resposta.
«Você não está a pensar abandonar o barco!», exclamei eu. «Realmente, é isso que estou a pensar fazer, senhor comandante. Quero ir para qualquer lado onde possa ficar tranquilo.»
«Mas Ransome», disse eu, «não aguento a ideia de nos separarmos, de me separar de si.