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Capítulo 1: Nota do autor

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Não se trata aqui, de maneira nenhuma, de traçar qualquer comparação. Essa ideia nunca me passou pela cabeça. Mas há como que uma impressão de identidade, embora no quadro de uma enorme diferença de proporções - como a de uma simples gota de água comparada com a extensão imensa, ameaçadora e tempestuosa, de todo um oceano. E também isto não deixa de ser muito natural. De facto, quando meditamos na significação do nosso próprio passado temos a impressão de que ele enche o mundo inteiro em profundidade e em grandeza. Este livro foi escrito nos últimos meses de 1916 Entre todos os temas que um autor de contos pode mais ou menos descobrir nos recessos da sua consciência, era este o único que na época me pareceu possível. A profundidade e o clima do estado de espírito com que o trabalhei talvez encontre a sua melhor expressão na dedicatória, que hoje me impressiona como algo imensamente desproporcionado - mais um exemplo das dimensões esmagadoras da nossa própria emoção em relação a nós próprios.

Dito isto, e já não é pouco, passo a referir agora algumas observações que dizem simplesmente respeito à configuração material da história. Em relação ao espaço, localiza-se nessa parte dos Mares do Oriente onde colhi para a minha actividade de escritor o maior número de sugestões. Da minha afirmação de que pensei por muito tempo em titular esta história como Primeiro Comando, poderia o leitor concluir que ela alude a uma experiência pessoal minha. E trata-se, com efeito, de uma experiência pessoal perspectivada pelos olhos do espírito e tingida desse sentimento de afeição que é impossível deixarmos de sentir pelos acontecimentos da vida de que não temos motivos para nos envergonharmos. E este sentimento de afeição é tão intenso (invoco aqui a experiência comum a todos os seres humanos) como o de uma vergonha, e quase como a angústia com que são recordadas certas peripécias infelizes - que podem incluir até descuidos de linguagem mínimos - vividas por nós no decurso da vida passada.

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Capa do livro A Linha de Sombra
Páginas: 155
Página atual: 3

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Nota do autor 1
I 6
II 42
II 43
III 64
IV 90
V 106
VI 129