Temos três horas de atraso por sua causa... - A nossa hora de suspender é às sete, sabia?».
Entrei no convés e respondi: «Não! Não sabia». A pressa do espírito moderno encarnada ali num homem magro de braços alongados, pernas altas e barba grisalha, aparada e curta. A sua mão era quente e estava seca. Comunicou-me febrilmente a seguinte declaração:
«Diabos me levem, se esperava mais cinco minutos que fosse... capitão do porto ou não capitão... »
«Isso era lá consigo», disse eu. «Não lhe pedi que ficasse à minha espera.»
«Suponho que o senhor não vem a contar com o jantar», explodiu ele. «Isto aqui não é uma hospedaria f1utuant~. O senhor é o primeiro passageiro que tenho em toda a minha vida, e espero que Deus me conceda a graça de ser também o último.»
Deixei sem resposta a sua comunicação hospitaleira, e a verdade é que, também ele, não ficou à espera da resposta, arrancando dali para cima da ponte, para fazer o navio pôr-se em marcha.
Ao longo dos quatro dias que me teve a bordo não abandonaria esta atitude inicial de quase hostilidade. Uma vez que o navio se atrasara três horas por minha causa, não queria perdoar-me o facto de eu lhe parecer gozar de consideração como uma pessoa de importância superior. Não era directo nas suas observações a este propósito, mas a mesma expressão de aborrecimento e surpresa ressurgia constantemente nas suas palavras.
Era bastante estúpido.
Era igualmente um homem de grande experiência, gostando de a exibir, mas não seria possível imaginar um contraste maior entre ele e o capitão Giles. Dava para eu me divertir com o caso, se disso tivesse vontade. Mas a minha vontade não era que me divertissem. Sentia-me como um apaixonado cujas esperanças se encontram inteiramente fixas num próximo encontro.